As redes sociais começam a incomodar empresas, instituições e governos. O que antes era visto como uma inofensiva brincadeira de colegiais com trocas de cartões virtuais, correntes de desejos ou mesmo para mostrar o álbum de família para os amigos, ganha cada vez mais contornos sociais e ativistas.
O ativismo virtual mostra uma faceta que assusta muitos grupos que estavam viciados em controlar as informações: nada fica escondido e tudo pode ser repassado para milhares de outras pessoas com apenas um clique. Quem pode deter um tsunami de ideias que lutam contra qualquer tipo de opressão? Não precisamos citar as inúmeras manifestações populares, nos quatro cantos do mundo, que fizeram ditadores e governos ditos democráticos serem surpreendidos por essa nova forma de mobilização social.
Mas, cabe uma reflexão sobre o ativismo virtual: ele não pode se restringir à tela do computador. Faz parte de um processo que necessita agregar pessoas com um mesmo pensamento e a partir daí, de forma viral, repassar essa ideia para uma coletividade virtual que necessitará materializar seus anseios por meio reais e práticos. Não se derruba ditadores com uma marcha virtual. Não se processa empresas com fakes. Não se mobiliza a opinião pública apenas comentando no jornal on line. Precisa do real. Do corpo a corpo. Do calor humano e das manifestações. Da pressão e da cobrança contra desmandos.
Nesse ponto, confunde-se ativismo virtual com zona de conforto a não ser ultrapassada. Eu só posso contribuir repassando emails ou dando minha opinião na NET, pois isso é o máximo que posso fazer. Será mesmo? Concordo que sair da sua tranquilidade, do seu sossego e de seu modo já estabelecido de ver o mundo é para muitos aterrorizante. Também concordo que é desgastante lutar por algo justo, mas que pode sim em determinados momentos, nos causar ansiedade e dor. Deixa eu te falar uma coisa: causa medo e ansiedade para todos nós. Não existe super heróis e nem estou pedindo para que ajam como tal. Coragem é apenas o medo aguentando um pouquinho mais. Sair dessa zona de conforto requer um senso de coletividade e de solidariedade que está muito esquecido por nossa atual sociedade que visa somente a competição egoísta e a vitória supérflua.
A Torre de Vigia, a organização que comanda as Testemunhas de Jeová no mundo todo, sofre com as matérias e informações divulgadas na NET, mas não sofre ou tem problemas com o ativismo virtual, pois ele NÃO EXISTE. Não existe ativismo virtual entre ex-testemunhas de Jeová ou como nos denominamos: dissidência! O que existe são informações que desconstroem os discursos fundamentalistas e que servem de apoio para muitos que acessam aquela informação num primeiro momento. Depois disso não existe uma continuidade ou mesmo compromisso de quem foi beneficiado.
Reafirmo que o que existe, são espaços virtuais excelentes para troca de ideias e esclarecimentos sobre pontos comprometedores das crenças dessa denominação religiosa, mas não evoluíram para um local que mobilizasse ações concretas nos quatro cantos do Brasil. Existe muitas restrições para quem já foi Testemunha de Jeová que dificulta esse ativismo virtual/real, mas isso é muitas vezes usado como desculpa para se isentar de uma responsabilidade maior. Quem já foi TJ teria que ter o dever moral de alertar outras pessoas sobre os danos que foram submetidos por essa denominação religiosa e combater e apoiar questões primordiais que visam juridicamente coibir tais excessos. Quem diz que isso não é uma questão central apenas inverte o discurso da preocupação com o próximo, para apenas se preocupar com sua “nova” vida! É muito fácil fechar os olhos e só abri-los de frente ao espelho. Só nos vemos? Só nossa vida nos basta?
É muito fácil ser um iconoclasta, o ruim é quando se junta a isso, uma finitude de não pensar no coletivo. Falar é cômodo!
Parabéns amigo Pascoal, Muito pertinente, verdadeiro e exato o conteúdo desta matéria. Observamos que, a cada dia, precisamos está tratando com as pessoas, seja na rua, no trabalho, ou em qualquer outro lugar, seja qual o assunto. A internet, de fato, é um começo, mas não chega ao fim, nem alcança objetivos concretos de uma luta. Que todos possam refletir no conteudo deste texto, e partirmos para ações concretas contra a discriminaçao religiosa que nos atinge, sem trégua. Gostaria de deixar algumas palavras ou frases, do ultimo artigo da nossa Querida articulista e médica Fátima Oliveira que escreveu dois textos sobre a desassociação: A descrição que ela faz do sofrimento que desassociados vivenciam é uma verdade. Senão, observem: um misto de desprezo e nojo; uma espécie de gelo que na prática diz: "Você não é nada". Estamos diante de um crime... assasinato de reputação, violência incomensurável de decorrências emocionais incalculáveis, uma punição imoral que fere os direitos humanos fundamentais. Basta até aqui, para uma reflexão: Será que ser desassociado ou dissociado é ter vida fácil? Quem vive e sobrevive este drama, poderia se manifestar... Por tudo isto, nuca deixarei de contatar as pessoas para orientá-las sobre o tratamento que fomos submetidos, enquanto viver. (Sebastião Ramos)
ResponderExcluirÉ interessante mesmo o que vc publicou. Se usássemos tudo aquilo que aprendemos sobre divulgar a VERDADE qdo estávamos dentro da torre com as costas voltadas para fora, para a realidade, nós pregaríamos intensamente tudo aquilo que aprendemos de errado.
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