sábado, 24 de março de 2007

O FILME "O ILUSIONISTA" E AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ - Texto Pascoal Naib

O famoso ilusionista Eisenheim (Edward Norton) assombra as platéias de Viena com seu impressionante espetáculo de mágica. Suas apresentações despertam a curiosidade de um dos mais poderosos e céticos homens da Europa, o Príncipe Leopold (Rufus Sewell). Certo de que as mágicas não passam de fraudes, Leopold vai ao show de Eisenheim disposto a desmascará-lo.
Pois é, ser um ilusionista é algo que necessita estudo, dedicação, atenção nas minúcias para que nada dê errado. “Nós sonhamos em ser ilusionistas, porque nós queremos através de recursos aparentemente mágicos, transformar uma realidade, atingir um resultado desejado. De uma certa forma, todos nós somos ilusionistas”.
Porém, “atrás de toda fantasia há uma realidade, e essa realidade não deixa de ser tão interessante quanto a fantasia, porque ela tem que ser extremamente elaborada”. Podemos observar que muitas religiões tem em comum a pregação do amor ao próximo, algo louvável de se seguir e até mesmo aconselhável para uma maior interação entre o ser humano. Isso com certeza é algo bem real, não se pode iludir ninguém sobre sentimentos, pois sentimos quando alguém realmente se preocupa conosco. Além desse incentivo, algumas religiões começam a prometer demais, e todo benefício que se pensa conseguir pode ser na realidade uma armadilha para nosso espírito, uma estagnação dos nossos princípios e uma servidão para dogmas e homens imperfeitos. Eis aí surgindo, um Ilusionista nas nossas vidas.
“Você mesmo fica surpreso por causa disso, pois você é levado por um caminho e depois você enxerga que é uma outra história. Você leva todo mundo para um caminho e depois você executa uma outra ação. Este é o princípio do ilusionismo. Você consegue trabalhar tanto com a realidade, quanto com os sonhos humanos”.
Vivemos uma realidade difícil muitas vezes, quem não parou um dia para reclamar da vida? Problemas vão surgindo e por vezes achamos que não vamos suportar, aí aparece a “religião ilusionista” com essa promessa: “Assim como a arca e seus passageiros sobreviveram ao dilúvio dos dias de Noé, assim o paraíso espiritual e os que habitam nele sobreviverão à grande tribulação e emergirão numa terra livre de poluição. Quanta glória se desvelará então na terra! A “grande multidão” sobrevivente terá trabalho a fazer para ‘sujeitar a terra’ e transformá-la num lugar lindo, que reflita todo o esplendor do paraíso espiritual”. (Boas Novas para torná-lo feliz pág 154)
Que tentação essa de largar nosso peso desse mundo nas costas de uma pessoa mais forte, que tentação achar que poderei a partir dali sempre aceitar que alguém terá uma resposta para tudo na minha vida. E o melhor, sendo esse alguém o herdeiro e detentor da VERDADE, detentor do caminho que vai me levar a um destino final junto ao Criador de todas as coisas no mundo.
No caso anterior, essa promessa de paraíso feito pelas Testemunhas de Jeová é o começo de um encantamento por parte dessa religião ilusionista, é o primeiro passo para aos poucos seus adeptos irem concedendo as rédeas da sua vida para uma Organização de homens.
“O segredo é a alma do negócio, pois quem detém o segredo, detém o poder. O ilusionista usando e ocultando a sua técnica para que ele transforme uma realidade. Quem detém um conhecimento, tem o poder de mudar a realidade”.
Eis a nova faceta da religião ilusionista para manter seus adeptos num encantamento contínuo, onde não se pode mais questionar nada, é o segredo de como um pequeno grupo de homens norte-americanos se tornaram o canal de Deus na Terra, vejamos a revista "A Sentinela", 15 de julho de 1998, pág. 13: “Deus falou a seu povo por intermédio de Moisés e de outros profetas. Depois, Jeová falou-lhe por meio de seu filho... Atualmente, nós temos a palavra inspirada de Deus, a Bíblia Sagrada. Temos também o "Escravo Fiel e Discreto... de modo que Deus ainda está falando”. Só para esclarecimento, o Escravo Fiel e Discreto são os dirigentes das Testemunhas de Jeová no mundo. Muita responsabilidade para essa religião ilusionista, deter a VERDADE como se fosse sua, eis o grande segredo que encanta e engana seus adeptos.
Mais todo ilusionista também costuma falhar em suas apresentações, como fazer para manter as aparências e continuar encantando a platéia? “O ilusionista é aquele que mesmo com as falhas, sempre possui alternativas para que as pessoas ainda assim sejam surpreendidas, mesmo que ocorram as falhas mais graves numa apresentação”.
A religião ilusionista das Testemunhas de Jeová já errou muito em suas previsões de fins de mundo, mas mesmo assim não perdeu sua credibilidade para alguns que permaneceram nela. Qual foi a alternativa da Torre de Vigia para desviar a atenção de seus erros? Puseram a culpa na platéia:” O povo de Jeová, ansioso de ver o fim deste sistema iníquo, às vezes tem especulado sobre quando irromperia a “grande tribulação”, até mesmo relacionando isso com cálculos sobre a duração da vida duma geração desde 1914.” (Sentinela 01/11/1995 pág. 17) Pois é, anunciaram tanto um fim de mundo no final do século XX e quando viram que não viria mais uma vez, culparam seus adeptos por ansiarem demais o fim. Mas, sejamos sinceros, quando a Torre de Vigia coloca que:” o apóstolo Paulo servia de ponta de lança na atividade missionária cristã. Ele também lançava o alicerce para uma obra que seria terminada em nosso século 20." (A Sentinela 01/01/1989, página 12 parágrafo 8)
O que poderíamos pensar? Que o fim estava fixado não é? Mais a religião ilusionista se saiu dessa falha com outra regra de ouro para um ilusionista:” O problema não está em errar e sim em não deixar de encantar, ou seja, errar é aceitável desde que você tenha um plano para continuar encantando. O erro então, passa a ser imperceptível”.
Infelizmente o encantamento da Torre de Vigia continua a atuar nos palcos da vida, mas a esperança é que mesmo um ilusionista precisa atualizar seus números para manter o poder do encantamento, e isso já vem se esgotando para as Testemunhas de Jeová e o que observamos é um maior isolamento da mesma para com o mundo real, motivo para uma preocupação futura. Todo isolamento gera uma rara necessidade de se auto-avaliar e de se auto-questionar , e isso para o ser humano é uma condenação para sua espécie!
(Observação: os textos em azul royal são de Issao Imamura, um ilusionista brasileiro)



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