sexta-feira, 5 de março de 2010

JUSTIÇA SALVA BEBÊ E AUTORIZA TRANSFUSÃO DE SANGUE

O Hospital Austa precisou pedir autorização à Justiça de Rio Preto para fazer uma transfusão de sangue em um bebê internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica, com anemia e insuficiência respiratória. De acordo com o hospital, a família de E.B.A.M segue a religião Testemunha de Jeová e não havia autorizado o procedimento, que foi realizado ontem.

“Em razão de a criança necessitar da transfusão para que sua vida fosse salva, o pedido foi deferido”, afirmou a juíza substituta Milena Repizo, que deu o despacho anteontem. O rescém-nascido tem 14 dias e necessitava da transfusão para melhorar a parte respiratória.

Na noite de ontem, a criança respirava por aparelhos e seu quadro era estável. No fim da manhã, o hospital havia divulgado nota informando que está realizando o tratamento adequado no bebê, visando assegurar o pronto-restabelecimento e bem-estar do paciente. De acordo com o promotor da Infância e Juventude, Claudio Santos Moraes. que deu parecer favorável ao pedido, o hospital havia informado que tinha urgência na transfusão. “Não se pode, em função de uma questão religiosa, deixar de fazer um procedimento que salvará uma vida”, considerou.

O juiz titular da Vara da Infância, Osni Assis Pereira, afirmou que esses tipos de casos são raros, e que já analisou cerca de dez pedidos de transfusão, e em todos sua decisão foi favorável. “Sou protetor da vida das crianças, e o argumento religioso não tem o menor sentido. O direito à vida se sobrepõe aos demais.”

Histórico

Essa foi a segunda vez que o Austa teve de procurar a Justiça para fazer transfusão de sangue. O primeiro caso foi em 2002, também de uma criança de família Testemunha de Jeová. No Hospital de Base, três casos desse tipo já foram parar na Justiça. O HB precisou pedir autorização judicial duas vezes para fazer transfusão em 2008 e uma vez o ano passado. A Santa Casa informou que até hoje não houve registro nesse sentido.

Outro lado

O ancião testemunha de Jeová Jefferson Liebana disse que quando a Justiça determina a transfusão forçada, o paciente que é da religião se sente violentado, uma vez que, segundo ele, tem sua crença, seus valores e seus direitos violados. “A transfusão forçada é considerada um ato de estupro. Perante Deus, somos vítimas. A culpa cabe a quem violou a ordem bíblica.”

Em Rio Preto há 18 mil testemunhas de Jeová. Se for considerados crianças e estudantes, o número sobe para 30 mil. “Quando fala sobre o uso do sangue, a Bíblia inteira o retrata como sendo sagrado”, afirma. “No primeiro século veio a ordem clara em Atos capítulo 15, versículos 28 e 29 de abster-se de sangue. Nós, testemunhas de Jeová, entendemos que abster-se implica fazer uso via oral, ou seja: alimento, ou endovenosa (tratamento médico).”

Adeptos fazem leitura radical

O professor de história da Unesp e pesquisador do judaísmo Ivan Esperança Rocha explica que o fato de a religião não permitir que seus seguidores e familiares se submetam a transfusão se dá por conta de interpretações fundamentalistas de trechos bíblicos que trabalham com a questão do sangue.

“A partir da questão de que não se pode comer o sangue de animais, isso também foi atribuído aos seres humanos, e a proibição de ingerir se estendeu a recebê-lo nas veias”, fala o professor. De acordo com ele, o apego excessivo ao fundamento bíblico leva a entender que a medida em que se aceita a transfusão com sangue de outra pessoa se traz para o mesmo indivíduo duas vidas.

“Essa leitura fundamentalista não leva em conta que isso se foi aplicado numa época em que na atualidade não se justifica mais. “No fundo é uma mistificação do próprio sangue como elemento vital, e à medida em que se recebe o elemento vital de fora gera-se um conflito.”

De acordo com o pesquisador da Unesp, entre os trechos da bíblia em que a religião se baseia estão os seguintes: “A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis”, de Gênesis, e “Estatuto perpétuo será durante as vossas gerações, em todas as vossas moradas: gordura nenhuma nem sangue jamais comereis”, de Levíticos.

http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Noticias/Saude/6173,,Austa+vai+a+Justica+para+fazer+transfusao+de+sangue+em+bebe.aspx

7 comentários:

  1. êpa!!!vc não leu o texto de atos 15:28,29,onde diz que deve-se abster-se de sangue?como vc me explica?esse não é no passado,mas os cristão primitivos que tomaram essa decisão...e agora?!

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  2. Paz do Senhor Jesus, meu caro!!

    Gostaria que o irmão tornase seguidor do meu blog, para que eu venha está vindo aqui mais vezes.

    http://omessiasestavoltando.blogspot.com/

    Deus abençoe!!!

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  3. Anonimo,
    poxa que coisa hein! acho que quem nao leu direito a passagem foi você.
    Ela, claramente se refere à uma proibição de alimentar-se de sangue, fica muito claro no contexto.
    Receber transfusao nao é se alimentar!
    De todas as barbaridades que a Torre já inventou, essa foi a pior.
    Pior que eles sabem, e agora até estao permitindo frações,pra tentar salvar mais gente, por que o que tem de gente morrendo pelos hospitais por esta proibição assassina, nao é brincadeira.
    Mas eu acho que nunca vao chegar a permitir a transfusao total do sangue, perderiam muitos adeptos.
    Logo eles que criticam tanto os catolicos por causa do batismo em bebês, que tambem acho errado, mas agem igual à eles quando nao permitem que um recem nascido receba transfusão de sangue.
    Criticam os católicos tambem quando eles usam a Maria, como canal entre Jesus e a Terra, mas fazem igualzinho quando obedecem à TORRE, que se intitula a voz de Deus na Terra...
    vai entender né!?

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  4. É o lance de se tirar muito mais de um texto o que realmente lhe pertence.
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    Antes de mais nada, a Lei Mosaica foi extinta por Jesus e tanto quanto eu saiba, nem os judeus ortodoxos falam contra a transfusão de sangue. Além disso, a proibição é de ALIMENTAR-SE de sangue, ou seja, ingeri-lo por via oral e passar pelo processo digestivo (e aliás é uma boa proibição, pois sangue é muito indigesto, é facilmente contaminável e tem ferro demais). Simplesmente aqui se somaram dois + dois: porque existe a alimentação paraenteral (soro glicosado + aminoácidos e outros elementos que fazem a nutrição que são injetados na veia de um paciente que não pode se alimentar por via oral), quiseram achar que uma transfusão de sangue é a mesma coisa. Não é: trata-se apenas da REPOSIÇÃO do volume de sangue em relação ao que foi perdido ou por algum problema de anemia (falta de ferro no sangue).
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    Os líderes jeovistas já proibiram vacinas e transplantes e depois levantaram essas proibições (gozado, não sabia que Jeová mudava de ideia com frequência...), mas tanto quanto eu saiba, não houve mortes entre os jeovistas por causa disso, ao menos nos Estados Unidos, onde são maioria. Já com as transfusões é outra história: houve muitas mortes e por causa disso, o Corpo Governante não pode simplesmente dizer que "uma nova luz brilhou" e agora podem ser feitas as transfusões... Vai ser muito difícil explicar a quem perdeu seus queridos, que poderiam ter sido salvos, esse novo brilho.
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    É isso.

    Marcos Arduin

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  5. os trechos biblicos são claros...
    "NÃO COMERAS", a proibição e de comer.
    Se ainda há duvidas, imaginem um acidente... onde o ferido perdeu muito sangue, logo ele necessita de sangue! se é a mesma coisa porque as TJ não alimentam (comer)este ferido com sangue???

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  6. DE FATO (ABSTER) DE SANGUE JA ESTA DIZENDO EM HIPOTESE NENHUMA ,,,,INGERIR,TRANFUNDIR.ABSTER-SE SIGNIFICA QUE VC NAO TEM O DIREITO DE MANUSEAR O SANGUE PARA FINS NUTRICIONAS,,,AFINAL NAO SEI SE VCS SABEM + JA EXITEM TRATAMENTOS EXTRA SANGUE .

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  7. cada um com seu conseito acho isso um absurdo cade os direitos da pessoa , a escolha deve ser feita pela pessoa nao por um juizinho qualquer.....isso e uma violaçao dos direitos de uma pessoa

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